Sobre a Felicidade
Não existe uma receita para a felicidade. Nunca gostei dos tais estudos, que dizem que este país é o mais feliz do mundo, que esta cidade ou estas pessoas são as mais felizes. A verdade é que é tudo tão relativo, que tal condição torna-se impossível de medição. Como dizer a um masoquista, que para ser feliz não pode ter dor? Ou a um minimalista, que a felicidade está em ter uma casa e um carro, e um milhar de coisas que ele não quer ter?
Existe uma diferença em ser feliz e estar satisfeito.
Pode-se estar satisfeito, com o sistema político de um país, com o sistema de saúde, de ensino, podes estar satisfeito com a tua vida profissional, mas isso é estar satisfeito. A felicidade é outra coisa.
Sem receita torna-se difícil ensinar alguém a ser feliz, aliás creio profundamente, que devamos ignorar todos os conceitos de felicidade já criados até hoje. A palavra felicidade, traz automaticamente imagens ao nosso cérebro de pessoas a correr num campo verde, um passeio a cavalo na praia ao sol-posto, estão mais ou menos a ver a ideia. A mim, a felicidade faz-me muitas vezes chorar, comove-me, e até muito estranhamente pode-me deixar triste.
Ontem depois de uma entrevista com o Pedro Acabado, senti exatamente tudo isso. Cheguei a casa, excitadíssimo, contagiado pela energia e paixão que ele e a família dele emanam, vivendo os sonhos, sendo felizes. Quase como uma criança que acabou de ingerir muito açúcar, cavalguei na onda de felicidade do Pedro, e depois muito ciente que existe um mundo alienado à felicidade, comovi-me e fiquei triste. Mas continuei feliz, porque a tristeza faz parte da minha felicidade. “Tens que ser feliz pelos outros.” Eu não sou feliz por ninguém, sou sim, feliz com alguém. Encontro sempre felicidade na felicidade dos outros, e por mais curta que seja, apanho sempre boleia com ela. Eu encontro a minha felicidade na partilha, no sol, na minha terra, no amor, nas pessoas, na família, o resto é satisfação.
Texto e imagem : Francisco Mendes